Cobra Kai – Segunda Temporada [Crítica]

Em sua segunda temporada Cobra Kai abraça os princípios vistos nos filmes de Karatê Kid ao mesmo tempo que exibe clichês e performances fora de moda mas ao mesmo tempo divertido o que não decepciona e até surpreendente com o emocional dos protagonistas.

Poucas séries conseguiram emplacar na plataforma do youtube. Cobra Kai é uma das exceções. Como vimos na primeira temporada, a continuação de Karatê Kid, reuniu o elenco original após mais de 30 anos do primeiro filme, retornando a rivalidade entre Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka), mas pode se afirmar que vai além ao fazer uma ponte de diálogo e choque entre gerações.

Este choque é mostrado ao publico nos modos e tecnologias usadas pela juventude atual e a contrapartida dos protagonistas, princialmente na figura de Johnny Lawrence que continua com costumes que mais parecem saídos de um filme oitentista.

Agora, no segundo ano, a série explora o impacto desta disputa de longa data entre os protagonistas. A história retorna após o pupilo de Jonny vencer o campeonato e reerguer a Cobra Kai, ele é surpreendido ao ser visitado por uma figura de seu passado: seu antigo sensei, John Kreese, novamente interpretado por Martin Kove. O reencontro não é dos mais amigáveis já que sua adolescência foi marcada negativamente por conta da brutalidade do mestre e sua interpretação errônea de competição (não posso negar que a luta entre eles é digna de uma tela class saída do saudoso Hermes e Renato (o uso de um dublê fez ficar muito artificial). Mas serviu para criar uma tensão ao mostrar Lawrence dividido entre rejeitar Kreese ou dar uma segunda chance a ele, característica que está presente em toda a segunda temporada. A série demonstra mais uma vez que não quer ficar apenas relembrando o passado, mas sim questioná-lo no novo contexto que vivemos.
Enquanto a primeira temporada mostra a mudança de Lawrence de um fracassado para um professor, a segunda testa sua necessidade de corrigir a filosofia por trás da Cobra Kai. Já que por mais que Miguel (Xolo Maridueña) e Hawk (Jacob Bertrand) tenham vencido o campeonato de karatê, Johnny sente que os garotos não o fizeram de forma honrosa, e que este fato pode levar a uma repetição do seu passado e a conseguente destruição da juventude dos novos lutadores. A ideia de “Atacar Primeiro, Atacar Mais Forte e Não Ter Piedade” não parece ser a mais correta neste novo contexto, ainda mais com Kreese presente, tentando aos poucos reassumir o comando da escola com uma intensa presença de tela graças à atuação certeira de Kove. Já Daniel LaRusso possui um plot semelhante em muitos aspectos, lidando com seu passado enquanto tenta ensinar uma nova geração no Miyagi-do.

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O antigo mestre a espreita

Devo lembrá-los que o antigo protagonista já não é mais o foco da trama, a história principal ou o coração de Cobra Kai é o caminho trilhado por Johnny Lawrence. mas mesmo assim, os novos lutadores também merecem destaque: tanto Miguel quanto Hawk tornam-se verdadeiros valentões nesta temporada, enquanto Robby (Tanner Buchanan) e Samantha LaRusso (Mary Mouser) do lado Miyagi, treinam para combatê-los e acabam desenvolvendo um romance. A divisão de times só aumenta a tensão da rivalidade entre os dojos.

Cobra Kai - Segunda Temporada [Crítica] 2

O novo “valentão”

Os protagonistas com seu espírito adolescente dos filmes clássicos e a importância dada ao elenco jovem ajuda a temporada a abraçar o pastelão de vez, já que a primeira flertava com a estética oitentista tornando situações caricatas como Johnny tentando usar um computador pela primeira vez ou então a Cobra Kai dando uma demonstração de luta regada a rock e fogos de artifício. Muita coisa foi bem tosca, mas acho que estava tudo lá, de propósito, para tentar agradar o público nostálgico da franquia karate kid.
Pode se falar que Cobra Kai impressiona por expandir com satisfação o universo dos filmes e com a impressionante camada emocional de seus protagonistas.

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