The Witcher 4 e a nova agenda DEI? Por que a CD Projekt Red pode estar forçando a barra com Ciri como protagonista
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A mais recente revelação sobre The Witcher 4 chamou atenção não apenas pelos gráficos ou pelas promessas de um mundo ainda mais aberto. Em vez disso, o grande foco recaiu sobre o fato de Ciri – sim, aquela que sempre foi coadjuvante na história de Geralt de Rívia – assumir o papel de protagonista. Mas será que essa mudança é realmente motivada por uma expansão criativa e coerente do universo, ou estamos diante de mais um exemplo de agenda política DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) forçada?
Designer da Lore da CD Projekt Red de ‘The Witcher’ supostamente expressou desejo de agredir jogadores
Ciri e o argumento do “sexismo medieval”

De acordo com diretores do jogo, a escolha de colocar Ciri em primeiro plano se dá para abordar a “luta específica de uma mulher” em um mundo medieval. A ideia, segundo eles, seria mostrar como essa personagem enfrenta desafios que são ainda mais duros por conta de seu gênero, num cenário já marcado por racismo contra não-humanos e outras tensões sociais.
Entretanto, muitos fãs questionam se a abordagem do “sexismo medieval” é algo que realmente cabe em um RPG de fantasia em 2025. Já não bastaria mostrar Ciri crescendo como uma bruxa (witcher), lidando com monstros e tramas políticas? Por que forçar um viés “social” e “identitário” em uma franquia cujos pilares sempre foram o realismo brutal, a magia e a atmosfera sombria?
Agenda ou narrativa orgânica?
O ponto principal da polêmica é que, em entrevistas, desenvolvedores da CD Projekt Red deixaram claro que não vão apenas pincelar questões de gênero, mas realmente torná-las parte fundamental da história. Isso levanta a dúvida: a equipe deseja explorar com profundidade as nuances de Ciri num mundo marcado pela violência e desigualdades — o que poderia ser interessante — ou apenas “marcar uma caixa” para agradar às pautas modernas de “representatividade”?
Vale lembrar que The Witcher 3 já retratava problemas sociais, como o preconceito contra elfos e anões. Porém, diferentemente de um sexismo “didático” ou panfletário, esses temas se integravam de forma orgânica ao universo criado por Andrzej Sapkowski, funcionando como contexto moralmente ambíguo e um elemento de imersão. A pergunta é: The Witcher 4 saberá manter esse equilíbrio ou irá cair no clichê de “agora vamos falar de problemas contemporâneos usando um cenário medieval de faz de conta”?
Perigo de repetir a “fadiga de modernismos”
Alguns lançamentos AAA recentes, como Star Wars: Outlaws, Dragon Age: The Veilguard, Concord e Dustborn, tentaram colocar a representatividade e mensagens sociais como ponto central. O resultado? Críticas de que esses jogos acabaram priorizando o discurso em detrimento do conteúdo — e, pior, patinaram nas vendas.
Se existe um cansaço do público com “modernismos” em games, a CDPR corre o risco de seguir pelo mesmo caminho. Enquanto isso, títulos como Black Myth: Wukong, Stellar Blade e Space Marine 2 ganham atenção justamente por prometerem o que boa parte dos jogadores busca: diversão, escapismo e um universo bem construído, sem transformá-lo num palanque de debates políticos atuais.

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Onde entra o verdadeiro espírito de The Witcher?
Historicamente, The Witcher se destacou pela sua ambientação sombria, complexa e cheia de escolhas morais cinzentas. O primeiro jogo, inclusive, tinha seus elementos mais “adultos” de forma até controversa (como as cartas de conquistas amorosas). Já The Witcher 3 foi amplamente elogiado pela forma madura de tratar temas como violência, preconceito contra raças fantásticas e a própria desumanização que cercava Geralt e companhia.
Com Ciri no centro das atenções, há potencial para um enredo interessante que aprofunde suas motivações, traumas e evolução como bruxa. Contudo, se a CDPR optar por destacar exageradamente uma pauta de “comentário social” — como eles mesmos sugeriram ao falar de sexismo — o receio de muitos jogadores é que a discussão acabe sufocando a essência do mundo de The Witcher.
O equilíbrio (quase) impossível
Colocar Ciri como protagonista por si só não é o problema. Afinal, ela já era uma das favoritas de parte dos fãs e tem uma história rica que justifica seu crescimento. O ponto de discórdia é transformar isso em um discurso pesado sobre o quão difícil é ser mulher em um mundo medieval, deixando em segundo plano o que realmente importa em The Witcher: monstros, política e decisões morais cinzentas.
Se The Witcher 4 inclinar demais a narrativa para debater “sexismo, feminismo e comentários sociais”, corre o risco de se distanciar de sua identidade e do que os fãs esperam. Em tempos em que o público procura descanso das guerras culturais do mundo real, não seria melhor manter o foco na fantasia sombria e dar a Ciri seu arco merecido, sem perder de vista o equilíbrio entre ação, intrigas e desenvolvimento de personagem?
Conclusão: CDPR no fio da navalha
A CD Projekt Red se encontra numa situação delicada. É claro que abordar temas adultos sempre foi parte do DNA de The Witcher. Porém, há uma enorme diferença entre mostrar, de forma orgânica, como Ciri se torna uma bruxa num universo tóxico e perigoso, e fazer disso uma narrativa cujo objetivo é “conscientizar” sobre problemas modernos.
O histórico da empresa indica que ela tem talento para criar histórias envolventes, como provou em The Witcher 3. Mesmo assim, as preocupações são legítimas. Resta saber se o resultado final de The Witcher 4 será um conto épico de fantasia ou mais uma plataforma de discussões políticas disfarçadas de narrativa.
E você, o que acha? Acredita que a CDPR deve realmente se aprofundar no tema “sexismo” em The Witcher 4? Ou acha que isso pode se tornar uma distração indesejada, atrapalhando o escapismo que muitos buscam em um RPG sombrio e envolvente?
Fonte: Eurogamer
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