[Crítica] Um Lugar Silencioso

Nobres amigos haters, quando escrevo esta crítica completamos 1 semana de quarentena devido ao COVID-19 (1 semana para mim pois outras pessoas já estavam a mais tempo) e espero que estejam bem. Este filme Um Lugar Silencioso (A Quiet Place) — EUA, 2018 era o primeiro da minha lista dos ditos “terror” que eu queria ver.

Até onde você iria para proteger seus filhos ou qualquer outra pessoa que você ama? Esta é a pergunta principal do filme dirigido, co-escrito e atuado por John Krasinski (The Office) em seu terceiro trabalho atrás das câmeras (considerando longas-metragens, porque ele também dirigiu três episódios de The Office). Na trama, que se passa em um futuro próximo, três criaturas alienígenas (?) estão na Terra e elas possuem uma particularidade: são atraídas pelo som. Qualquer barulho deve ser evitado, especialmente quando se está distante de lugares com ruídos constantes, como rios e cachoeiras. Com boa parte da população e animais do planeta dizimados, a obra rapidamente expõe o perigo que os humanos restantes correm. Em pouco tempo, o público está imerso em silêncio, temendo que cada barulho tenha sido alto demais para ser ouvido pelas criaturas e se assustando imensamente quando o som é ampliado ao máximo, sempre que necessário.

Pesquisando na internet descobri que na época da pré-produção, ele e a esposa Emily Blunt tinham acabado de ter mais um bebê, e a paternidade e maternidade rugia forte nos dois, que discutiram muito sobre a obra. Eles devem um ao outro a existência do resultado final, começando da produção: Krasinski só aceitou a direção porque a esposa insistiu e Blunt só considerou atuar no filme a pedido do esposo. Essa relação parental é repetida e maximizada na película, já que os dois fazem um casal que tentam viver e ensinar aos filhos viverem neste mundo onde o silêncio é vida.

[Crítica] Um Lugar Silencioso 4

John Krasinski

Antes de seguir adiante, cuidado! Esta crítica contém spoiler!

O filme tem coragem ao permitir que a primeira morte pelas criaturas seja de uma criança (Cade Woodward) faz com que os espectadores não só se aterrorizem e até fiquem em choque por alguns segundos após o fato, como também serve de impulso para que, sem muitas delongas, haja uma assimilação do terror. E, como se matar sem dó uma criança em seus primeiros minutos não fosse motivo suficiente para se entender o grau de personificação do mal que aquelas bestas representam, o diretor demonstra sem pena o grau de perversidade delas ao, sadicamente, massacrar um guaxinim com uma pisada.

Depois de um primeiro ato bastante sólido, o segundo ato chega com algumas coisas incômodas, como a cena do “afogamento no milho”, a perseguição insistente demais da criatura na casa da família Abbott e porque as criaturas conseguem escutar ao longe praticamente quaisquer ruídos com exceção de passos na areia e, estando dentro de um local fechado como a claustrofóbica casa, não escutam a ofegante e audível respiração de Evelyn (Blunt) misturada ainda com seus murmúrios de dor e desespero? Mas são coisas que devemos deixar passar para curtir a abra. Por falar na casa, ela é preparada para a chegada de um novo membro, já que a mãe estava gravida. Um bebe é sinônimo de problema já que faz barulho pois precisa chorar. As cenas continuam tensas, o momento com o monstro no lugar parcialmente inundado é incrível (aliás, a aparência do monstro é incrível).

[Crítica] Um Lugar Silencioso 5

Notadamente diferente dos filmes do gênero, bem dirigido, maravilhosamente bem atuado (Emily Blunt cria uma postura de grandes emoções guardadas pela impossibilidade de emitir sons altos que é algo impressionante) e com um final capaz de arrancar aplausos pela disposição da família e superação medonha das adversidades, Um Lugar Silencioso está entre os longas de grande surpresa e que sabe usar os clichês de maneira muito inteligente a seu favor. Uma obra capaz de nos deixar sem palavras, ao mesmo tempo que nos faz querer gritar.

 

[Crítica] Um Lugar Silencioso 6

Caladinho e não saia de casa (Coronga Virus?)

 

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  • Avatar de João Fagner João Fagner disse:

    Cara achava que esse filme era uma porcaria, meio que quando li a sinopse me lembrei daquele filme baseado no livro BirdBox, e já comparei a ele.

    • Avatar de Marcos Marcos disse:

      Não vi o BirdBox, mas eles tem coisas em comum. O fato da coisa ser familiar. Ficamos tensos pelo fato de uma morte poder ser de alguém querido. É o tal do mostro.

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