O filme “IT: Capítulo Dois” é uma adaptação do livro de Stephen King, publicado em 1986. Ele se passa 27 anos após o primeiro filme, “IT – A coisa”.
Em “IT – A coisa”, as crianças (pré-adolescentes), para vencerem o palhaço Pennywine, dependiam de enfrentarem os próprios medos. Logo após a batalha com palhaço, elas formam um grupo intitulado “The losers club” (clube dos perdedores), fazem um pacto do sangue, e prometem que caso Pennywine volte algum dia, elas se juntarão novamente para destruí-lo de uma vez por todas.
Então, 27 anos se passaram. Alguns eventos estranhos voltam acontecer em Derry, e Mike (Isaiah Mustafa) (o único que ainda mora em Derry) fica encarregado de convocar os amigos e lembrá-los do pacto.
Com a volta de Pennywine 27 anos depois, ficam as perguntas:
- Porque ele voltou?
- Ele não tinha sido destruído no primeiro filme?
Vale lembrar que um dos requisitos para destruir Pennywine era que cada criança enfrentasse seus próprios medos. Com a volta dele, fica claro que estes problemas/traumas da infância não foram totalmente resolvidos e repercutem de uma forma ou de outra em suas vidas até hoje.
O foco principal de “IT: Capítulo Dois” está na jornada dos personagens, antes crianças e agora adultos, de relembrar o passado e trabalhar para superar os traumas da infância, para depois confrontar Pennywise.
Se você espera ver um filme de terror, daqueles que vai te fazer querer dormir com a luz acesa, você poderá ficar um pouco desapontado, pois no quesito terror, o filme é fraco. O filme lembra, em muitos aspectos, os filme de terror trash dos anos 80.
Não faço essa comparação de forma pejorativa. Afinal, foram nos anos 80 que surgiram várias preciosidades do cinema trash, que se você for ver hoje, vai chorar de rir e se perguntar “É sério que eu já tive medo disso?”.
Os filmes de terror trash são caracterizados pelo sangue em exagero, por lutas corporais com monstros desengonçados que podem ou não vomitar litros e litros de gosma, por situações que personagem prefere fazer algo imprudente e arriscado (burrice mesmo) do que fazer o óbvio para se manter em segurança e faz você querer gritar “o sua PESTE não faz isso, que vai dar merda!!” e por alguns sustinhos aqui e ali.
E é isso que IT nos proporciona, algumas cenas de susto, mas na maior parte do tempo, momentos de muitas risadas.
No caso dos filmes dos anos 80, o foco realmente era o terror, mais devido ao exagero, eles miravam no terror e acertavam em cheio no humor e hoje muitos deles são considerados Cult.
Creio que “It: Capítulo Dois” tenha ido para o lado do terror trash por ter essa pegada nostalgia com os anos 80.
Vale lembrar que curiosamente a primeira adaptação de It é de 1990 intitulada de “It: Uma obra-prima do medo”, ou seja, 27 anos antes da adaptação para os cinemas, “It: a coisa” de 2017 (27 anos, sacou???).
Geralmente, nas adaptações de livro, é natural os filmes sofrerem cortes, e a construção de uma narrativa para explicar alguma conclusão lógica acaba sendo perdida. Em alguns momentos você se pergunta como determinado personagem chegou a uma conclusão, que não faz o menor sentido para quem está assistindo o filme sem ler o livro. Com It, isto não foi diferente e acontece com muita frequência.
No quesito construção dos personagens, “It: Capítulo Dois” leva nota 9. Embora os personagens do clube dos perdedores serem interpretados cada um por dois atores (uma criança e um adulto), a forma como os atores trabalharam os traços da personalidade de cada um, ficou beirando a perfeição. A transição da criança para o adulto ficou tão natural, que você é capaz de fazer a associação do personagem adulto com a criança quase que imediatamente. Você não fica naquela “Fulano está interpretando quem mesmo??”
Em resumo, o filme tem uma brilhante estória sobre coragem, amizade e de como o tempo e a vida adulta, as vezes, pode distanciar pessoas que na infância eram grandes amigos.
Parabéns texto muito bom, adorei as referências da década de 80, tomates verde fritos eram os melhores, junto com os gremlins e boneco assassino.