Sony e Nintendo apostam no longo prazo diante das tarifas de Trump
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Os consoles de videogame são um grande negócio – e incrivelmente resilientes. A indústria já superou diversas crises econômicas com notável consistência. No entanto, a recente escalada nas tarifas dos EUA sob o governo de Donald Trump representa um novo desafio, trazendo preocupações sobre custos crescentes e possíveis interrupções na cadeia de suprimentos.
Impacto nas ações da Nintendo e Sony
Na última semana, as ações da Nintendo sofreram uma queda de 10%, um recuo significativo após atingirem um recorde histórico no mês anterior. Nos seis meses anteriores à venda, os papéis da empresa haviam subido mais de 40%. Já as ações do Sony Group, responsável pelo PlayStation, recuaram 6%, refletindo temores de que as tarifas elevem os preços dos consoles nos EUA.
Mas a questão vai além dos consumidores americanos e dos fabricantes japoneses – a China está no centro desse embate. O aumento das tarifas de importação para 20% (antes fixadas em 10%) sobre produtos chineses representa uma ameaça direta ao setor de consoles. Como grande parte da produção de hardware ocorre na China ou depende de fornecedores locais, a indústria pode enfrentar custos mais altos e potenciais rupturas na cadeia de suprimentos.
Nintendo: mais exposta ao impacto tarifário
A Nintendo está especialmente vulnerável. Seu público-alvo historicamente é muito sensível a preços, o que significa que repassar custos adicionais pode reduzir a demanda. Ao mesmo tempo, absorver os impactos tarifários internamente também é um desafio, já que a margem de lucro da empresa está sob pressão. A companhia já revisou para baixo sua previsão de vendas de consoles para o ano fiscal, reduzindo-a para 12,5 milhões de unidades, além de cortar sua estimativa de lucro até março.
Sony se fortalece apesar do cenário desafiador
Apesar das incertezas, o setor de games continua sólido. A Sony, por exemplo, viu as vendas do PlayStation 5 dispararem, estabelecendo novos recordes na última temporada de férias. No último trimestre, foram vendidos mais de 9,5 milhões de unidades, o que elevou a previsão de receita anual da empresa para impressionantes US$ 87,6 bilhões.
Além disso, a China está se tornando mais do que um centro de manufatura – está emergindo como um mercado consumidor valioso. Antes considerada um desafio para a Sony, devido ao domínio dos jogos mobile no país, a crescente base de jogadores chineses agora fortalece a empresa. Esse fator pode ajudar a mitigar os impactos das tarifas ao diversificar as fontes de receita.
O futuro dos games: além do preço dos consoles
As tarifas podem ser uma preocupação momentânea, mas há uma disputa ainda maior em andamento no setor de games. À medida que os fabricantes de consoles se preparam para a próxima geração de hardware, o preço não será mais o único fator determinante de lucro e participação de mercado.
O verdadeiro campo de batalha será o engajamento dos jogadores. Modelos de receita recorrente, assinaturas, ecossistemas digitais e conteúdos exclusivos estão se tornando fundamentais para aumentar as margens e garantir competitividade no futuro.
Os investidores que estão vendendo ações de empresas de games por medo das tarifas podem estar ignorando um jogo muito maior – e de alto risco – que se desenha no horizonte.
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