Fracasso do Assassin’s Creed Shadows Leva Ubisoft cria Comitê de Transformação para “salvar” o jogo com ajuda do filho ‘Ativista’ do CEO
Índice
- Da crise criativa ao comitê milagroso
- A formação do comitê: especialistas ou culpados?
- Economia de cortes, não de ideias
- Funcionários não estão comprando a narrativa
- Assassin’s Creed, Yasuke e o marketing performático
- O que esperar do futuro da Ubisoft?
- Quer saber mais sobre os desdobramentos da Ubisoft e outras notícias do mundo gamer?
Em uma tentativa desesperada de apagar os incêndios que ela mesma causou, a Ubisoft acaba de anunciar a formação de um glorioso — e questionável — Comitê de Transformação. O objetivo oficial? “Guiar a evolução” da empresa e ajudar a franquia Assassin’s Creed a reencontrar um “novo sopro de vida”. O objetivo real? Provavelmente não perder o que resta de sua base de fãs e da paciência dos investidores.
Parece que a Ubisoft decidiu que o problema dos seus jogos não é a falta de inovação, repetição de fórmulas ou o excesso de lacração descolada (WOKE)… mas sim a ausência de um comitê com nome corporativo genérico. Foi assim que nasceu o glorioso “Comitê de Transformação”, a mais nova tentativa da empresa de colocar um band-aid numa fratura exposta chamada Assassin’s Creed.
Atriz de Assassin’s Creed Shadows critica Ubisoft por desrespeito ao Japão
Da crise criativa ao comitê milagroso
Diante de uma reputação em queda livre, ações em declínio e sucessivos fracassos de crítica e público, o CEO Yves Guillemot decidiu que era hora de agir — ou ao menos parecer que está agindo. Segundo e-mail interno obtido pela emissora francesa BFM Tech & CO, um seleto grupo de 10 executivos foi escolhido a dedo para salvar a Ubisoft de si mesma nos próximos 100 dias.
“Acabamos de atravessar um momento monumental na história da Ubisoft, que, fortalecido por este acordo e pelo sucesso de Assassin’s Creed: Shadows, se beneficiará de um novo sopro de vida”, escreveu Guillemot em uma declaração recheada de otimismo automático e pouca substância.
‘Assassin’s Creed Shadows’ Censura YouTuber Japonês: Vídeos de Críticas Foi Derrubado 12x no YouTube
A formação do comitê: especialistas ou culpados?
Entre os nomes escolhidos para liderar a transformação mágica da empresa, um se destaca por um motivo curioso: Charlie Guillemot, ninguém menos que o filho do CEO.
A presença de Charlie causou mais do que sobrancelhas levantadas. O jovem herdeiro já deixou sua marca — negativa — ao aprovar o uso de imagens do movimento Black Lives Matter como símbolo de vilões em Tom Clancy’s Elite Squad. Após o desastre, saiu pela porta dos fundos em 2021. E agora, retorna pela porta da frente… conduzido pelo pai.
O destaque do comitê? Charlie Guillemot, o filho do CEO. Porque, claro, se tem uma coisa que salva empresas em crise é colocar parente no cargo de liderança. Charlie, que saiu da Ubisoft em 2021 depois de aprovar o uso da imagem do movimento Black Lives Matter como vilão em um jogo mobile, volta triunfante como co-líder do comitê ao lado de Marie-Sophie de Waubert.
Yves jura que o filho não vai liderar, mas um e-mail interno — daqueles que “vazaram” bem a tempo — diz o contrário. Charlie e Marie-Sophie vão “guiar a transformação das marcas e estúdios da Ubisoft”. Uau. Sentiu a energia criativa?
Executivo da Ubisoft Ignora Fãs e Força Agendas Políticas em ‘Assassin’s Creed Shadows’
A equipe do comitê inclui nomes de peso — não pela inovação, mas pelo histórico questionável. Estão lá:
- Jean Guesdon, criador do Black Flag e Origins (bons tempos que não voltam mais),
- Alain Corre, que supervisiona regiões onde a Ubisoft perdeu relevância,
- E até o VP de “Transformação” (que só agora foi ativado, aparentemente).
Com um grupo desses, é fácil entender por que os funcionários estão receosos. Segundo relatos internos, a maioria dos nomes são vistos como diretamente responsáveis pelo atual estado da empresa. Sabe aquela história de colocar a raposa pra cuidar do galinheiro? Pois é.
A composição completa do comitê inclui:
- Marie-Sophie de Waubert – Diretora de Estúdios e Portfólio da Ubisoft
- Alain Corre – Diretor Executivo da EMEA e Ásia-Pacífico
- ⚖️ Cécile Russeil – Diretora Jurídica
- Christophe Derennes – Gerente Geral da Ubisoft Montréal
- Jean Guesdon – Diretor criativo de AC: Black Flag e Origins
- Michaël Montaner – Vice-presidente de Transformação
- Nicolas Rioux – Cofundador e gerente da Ubisoft Quebec
- Sébastien Froidefond – Diretor de Recursos Humanos
- Stéphanie Perotti – VP de Serviços Online
Economia de cortes, não de ideias
Como se não bastasse o retorno do “príncipe herdeiro”, o comitê também tem como missão encontrar formas de cortar €100 milhões em custos nos próximos dois anos. Isso, claro, depois de já terem “economizado” €200 milhões em 2024 ao fechar três estúdios: Leamington (Reino Unido), Reflections e a unidade de suporte em Düsseldorf/Estocolmo.
A lógica é simples: se não conseguimos fazer jogos bons, ao menos economizamos demitindo quem tenta.
Ubisoft usa o New York Times para atacar jogadores em defesa de ‘Assassin’s Creed Shadows’
Funcionários não estão comprando a narrativa
Apesar do discurso corporativo polido, o clima dentro da Ubisoft é tudo menos otimista. De acordo com relatos obtidos por jornalistas, muitos funcionários enxergam o comitê como um teatro corporativo — e dos ruins.
️ “A maioria dos membros do comitê são os mesmos responsáveis pelo estado atual da empresa”, relatou uma fonte interna ao site Insider-Gaming.
O retorno de Charlie Guillemot, em particular, foi alvo de críticas pesadas, com muitos questionando não só suas credenciais, mas também o nepotismo escancarado da jogada. A cereja do bolo? O próprio CEO contradiz suas declarações públicas no e-mail interno, dizendo que seu filho co-liderará o comitê ao lado de Marie-Sophie de Waubert.
Editora da Kotaku ‘Alyssa Mercante’ Acusa Japoneses de ‘Racistas’ por Criticarem o jogo ‘Assassin’s Creed Shadows’ e Culpa Mark Kern
Assassin’s Creed, Yasuke e o marketing performático
Enquanto isso, o novo Assassin’s Creed: Shadows segue cercado de polêmicas e uma campanha de marketing digna de filme de Oscar: cheia de representatividade e significados profundos — mas ninguém sabe se o jogo vai ser bom. Quando o debate principal gira em torno de “quem ficou ofendido” ao invés de “o gameplay tá divertido?”, já sabemos que o foco tá no lugar errado.
O que esperar do futuro da Ubisoft?
A formação do Comitê de Transformação vem logo após a Ubisoft decidir deixar de lado franquias mais estáveis como Far Cry e Tom Clancy, numa tentativa de se reinventar. Mas reinventar o quê, exatamente? A empresa ainda não explicou.
O fato é que Assassin’s Creed Shadows antes mesmo do lançamento já era símbolo de controvérsias — seja por suas escolhas narrativas, seja pela forma como a Ubisoft lida com o público e a crítica. A nomeação de um comitê recheado de rostos familiares não inspira exatamente confiança de que algo novo virá.
Por ora, o “novo sopro de vida” parece mais um sopro de desespero.
Quer saber mais sobre os desdobramentos da Ubisoft e outras notícias do mundo gamer?
Fonte: boundingintocomics
No Comment! Be the first one.