A Netflix lança em 11 de novembro o aclamado filme brasileiro 7 Prisioneiros. Elogiado pela crítica internacional, o filme com Rodrigo Santoro é um título inédito da plataforma de streaming.
O novo filme nacional da Netflix, 7 Prisioneiros, destaca a cruel realidade do trabalho análogo à escravidão, um problema que muitas vezes passa despercebido pela sociedade no cotidiano. A trama surgiu a partir do interesse do diretor Alexandre Moratto pelo tema, o que o levou a escrever o roteiro com Thayná Mantesso.
“Eu ficaria eternamente feliz se esse filme começar um diálogo, uma discussão mais ampla sobre a situação de trabalho análogo à escravidão e tráfico humano”, diz o diretor sobre a expectativa para o lançamento após a pré-estreia virtual, que o Observatório do Cinema teve a oportunidade de acompanhar.
“Eu, quando fiquei sabendo como isso acontece no Brasil e no mundo inteiro – e afeta 40 milhões de pessoas no mundo, eu não sabia disso. Todo mundo sabe que existe o tráfico humano, mas não tinha caído essa ficha (de como acontece), não tinha consciência disso. Espero que o filme traga essa consciência”, completa Moratto.
Para dar destaque ao tema, 7 Prisioneiros conta a história de Mateus. O jovem deixa o interior para trabalhar em um ferro velho em São Paulo, comandado por Luca.
Quando começa no novo emprego, o protagonista e os outros personagens que estão com ele descobrem que estão em um sistema de trabalho análogo à escravidão.
“Embaixo de tudo que o Alex falou, acho que é começar a enxergar isso, pensar nas nossas escolhas de consumo, pensar no que a gente como sociedade está perdendo com isso. Acho que enquanto a gente não enxergar o quanto perdemos, que tem gente passando fome, que está nessas condições de trabalho, enquanto a gente não pensar nisso, fica difícil fazer esse diálogo. E precisamos pensar como sociedade nessas coisas”, reforça a roteirista Thayná Mantesso.
Assim como Moratto e Thayná repetem a parceria de Sócrates (2018), o diretor volta a trabalhar com Christian Malheiros, também do elogiado longa de estreia do trio. O ator também é conhecido pela série Sintonia, da própria Netflix.
Já o papel de Luca é de Rodrigo Santoro (300, Lost, Westworld), que define o trabalho no filme como “um dos personagens mais difíceis que já interpretei”. A produção é de Ramin Bahrani (O Tigre Branco) e Fernando Meirelles (Cidade de Deus).
Tema chamou atenção em noite sem sono do diretor
Fernando Meirelles conheceu Alexandre Moratto pelo trabalho em Sócrates, que foi reconhecido e premiado no Spirit Awards. O produtor se impressionou com o filme, ainda mais após descobrir que o orçamento foi de R$ 36 mil e com uma equipe praticamente inteira no primeiro trabalho no cinema.
“Conheci (Sócrates) pronto e achei extraordinário, ainda mais após descobrir como foi feito, sem nenhuma verba… tinham R$ 36 mil e fizeram um ‘filmaço’, com essencialidade e uma esperteza. Pô, esse cara (Moratto) é meio assustador. E aí, Sócrates ganhou prêmios internacionais… confirmou que o cara tinha um talento. Quando o Alex me contou do projeto seguinte, evidentemente me passou, ‘Tem uma vaga para produção aí?’”, sorri Meirelles, com Moratto relembrando que foi ele quem procurou o produtor.
O tema de trabalho análogo à escravidão surgiu de uma noite sem sono de Moratto. Trabalhando em Sócrates, e sem conseguir dormir, o cineasta assistiu a um especial sobre o problema na TV.
O interesse levou a uma intensa pesquisa de Moratto, que até mesmo conversou com vítimas dessa cruel realidade, a partir de uma amiga jornalista que fazia uma pesquisa com a ONU.
“Estava acordado tarde, sem conseguir dormir, e apareceu essa matéria. Tinha filmagens de pessoas em São Paulo que estavam até acorrentadas aqui (apontando para o tornozelo). Isso me chocou muito. Como que ainda existe nesse século a situação de pessoas ficarem escravizadas e isso não saía da minha cabeça”, explica o diretor de 7 Prisioneiros.
A decisão sobre seguir com o projeto veio após as conversas mencionadas acima. “Eu tenho que fazer esse filme, não posso mais ficar quieto sobre o que está acontecendo”, destaca Moratto.
Transformações de Rodrigo Santoro e Christian Malheiros
Quem assistir o filme na Netflix deve se surpreender com as atuações de Rodrigo Santoro e Christian Malheiros. O relato é de entrega total da dupla e de transformações para os papéis de Luca e Mateus.
“Ele (Rodrigo Santoro) deu 150%… Eu lembro da primeira vez que sentei com ele, ficamos numa sala três horas conversando. Ele pensou em todos detalhes. Foi uma construção em parceria. E acho que também uma colaboração com o Christian (Malheiros), porque era eu, Rodrigo e o Christian sempre juntos”, observa o diretor.
Enquanto isso, Fernando Meirelles nota que Rodrigo Santoro queria “desconstruir essa coisa do cara bonito, fortão”.
“A postura dele no filme, maquiagem, o cabelo, ele queria ficar o pior possível. E aí a postura, ele trabalhou andar de um jeito diferente, tudo meio para desconstruir o Rodrigo Santoro que a gente conhece”, relata o produtor do filme da Netflix.
“Ele se transformou total. Mas, o Christian também mudou muito para o papel”, reforça o cineasta de 7 Prisioneiros, que revela que Malheiros passou uma semana no interior para se preparar para o papel.
O elenco de 7 Prisioneiros tem ainda Lucas Oranmian, Vitor Julian, Bruno Rocha, Dirce Thomaz, Josias Duarte e Cecília Homem de Mello.
Antes de chegar na Netflix, como citado, 7 Prisioneiros é aclamado pela crítica internacional. No Rotten Tomatoes, por exemplo, o longa tem nota de 96% até o momento, com 23 análises.
7 Prisioneiros chega em 11 de novembro na Netflix e em cinemas selecionados.
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